quinta-feira, 5 de julho de 2012

O TERCEIRO ESTADISTA


Professor e Cientista Politico da UFPB, Hermano Nepomuceno acompanhando LULA em CG  

                                                  

Dicionário Aurélio: “Estadista.S.2g. Pessoa de atuação notável nos negócios públicos e na administração de um país; homem ou mulher de Estado.”    
            José Bonifácio de Andrada foi o primeiro estadista brasileiro, por ter sido o principal responsável pela passagem do Brasil do século XVIII ao século XIX, com a ruptura do Pacto Colonial e a nossa entrada no Concerto das Nações. O maior mérito do estadista AndradaMinistro dos Negócios do Reino de Portugal e, depois, do Império do Brasil – foi alcançar a independência nacional assegurando a unidade territorial da extensa colônia americana de Portugal. Ao abrir o Século XIX, intensificaram-se as pressões pela independência da América Ibérica, feito já alcançado pelas colônias inglesas da América do Norte e pela colônia francesa do Haiti, ambas ainda no Século XVIII. O processo de independência na América espanhola estabeleceu também a forma da República mas resultou em sua fragmentação territorial, com surgimento de vários estados, citando, apenas na América do Sul: Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Venezuela, Bolívia, Peru e Colômbia. Eis a grande engenharia política de José Bonifácio: garantir a unidade territorial da América lusitana, nos assegurando esta potência geográfica que é o Brasil, ainda hoje. Mas o custo social, econômico e político foi altíssimo. Nossa independência foi fruto de acordo com a Monarquia dos Braganças; e o príncipe herdeiro português se metamorfoseou no primeiro imperador brasileiro, descartando a forma da República e barrando a perspectiva democrática. A base material foi o latifúndio agroexportador sustentado pela manutenção do mais iníquo e degradante regime de trabalho: a escravidão; com todas as mazelas sociais daí decorrentes.
            Saímos do século XIX do modelo oligárquico, agroexportador e rural e da “República Velha” – sua continuidade política e institucional – e adentramos ao século XX pela obra do segundo estadista: em aparente paradoxo – mais uma vez – o oligarca gaúcho Getúlio Vargas. Rompemos, em meio à quebradeira mundial de 1929, os grilhões da monocultura da agro exportação, criando a indústria de base (a partir do complexo econômico: siderúrgica de Volta Redonda, mineração do Vale do Rio Doce, rede ferroviária federal, porto de Tubarão, coque de Criciúma e a navegação de cabotagem); legalizando as relações capitalistas de trabalho com a CLT; modernizando o Estado, via DASP. E ainda tivemos, na Constituinte de 1933, as conquistas do voto secreto e do sufrágio feminino. Mas, aqui também, pagamos um custo muito alto: a perda das liberdades pelo estabelecimento da ditadura feroz do Estado Novo, com o golpe de 1937.
            Saímos do Século XX com uma economia dependente e submissa ao capital especulativo internacional, nos marcos do neoliberalismo, e com largas parcelas do nosso povo em situações de exclusão social e sem acesso ao mercado formal. Uma crise financeira em qualquer ponto do globo afetava a economia brasileira. Mas adentramos ao Século XXI estruturando um novo modelo econômico de desenvolvimento sustentado, fortemente ancorado no crescimento do nosso mercado interno, e promovendo uma verdadeira revolução social, através de políticas públicas que permitiram a inclusão em massa de brasileiros ao mercado formal e de um processo intenso e ampliado de ascensão social que beneficia milhões de famílias. E, desta feita, realizamos este grande salto sem exclusão social, sem subserviência ao estrangeiro e sem o sacrifício das liberdades e da democracia, graças à capacidade política e à visão estratégica, combinadas a uma profunda sensibilidade social, dada pela própria vida, do nosso terceiro estadista: o presidente Lula.  
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